Hibridismo animal segundo o conceito biológico de espécie

 Palestra Hibridismo Animal

Descrição palestra - Hibridismo animal segundo o conceito biológico de espécie

 

 
Ghabriel Honório da Silva
 
     O hibridismo é um fenômeno que está presente em diversos setores do conhecimento, como a química, a linguagem e a biologia. O hibridismo, para a biologia é definido taxonomicamente como a junção de dois seres de espécies ou categorias taxonômicas diferentes, cruzando entre si para forma um novo ser, que é denominado então hibrido biológico.
 
     Em conceitos gerais o hibridismo biológico está presente em quase todos os reinos de seres vivos atuais, como o reino monera, o plantae e o animália. O hibridismo no reino plantae de fato é bem mais comum devido a características genéticas como a poliploidia e os seus diversos ciclos de vida relacionados a haploidia ou diploidia de embriões e indivíduos adultos. O fenômeno citado é presente também em animais, porem ocorre de maneira diferente ao dos indivíduos do reino plantae.
 
     O fenômeno estudado gera em sua grande maioria descendentes que apresentam a esterilidade como uma característica natural, devido as diferenças genéticas resultantes do cruzamento de indivíduos cladisticamente diferentes. O pareamento genético para a formação de um ser hibrido pode resultar em produtos férteis quando se há um cariótipo semelhante entre os progenitores, podendo assim resultar em um indivíduo que geneticamente consegue produzir gametas viáveis para a reprodução.
 
     Os híbridos animais são divididos de maneira taxonômica em alguns grupos. Os híbridos intraespecíficos são produtos de cruzamentos entre indivíduos da mesma espécie, que porem, estão encaixados taxonomicamente em subespécies diferentes. Os interespecíficos, apresentam progenitores de espécies diferente, porem pertencentes as mesmas famílias definidas pela sistemática filogenética. Interfamiliares, apresentam progenitores com famílias diferentes, porem possuintes a uma única ordem e os inter-ordinais, ainda não catalogados, seriam os híbridos resultantes dos cruzamentos de espécies de ordens diferentes.
 
     O conceito biológico de espécie atual, que foi proposto por Ernst Mayr em 1963, agrega propriedades reprodutivas como elementos fundamentais para a definição de grupos de indivíduos como espécies. O isolamento reprodutivo e o potencial reprodutivo das crias são elementos principais para a definição. Os híbridos por apresentarem em sua maioria a infertilidade como um caráter natural possuem problemas quando comparados a tal conceito.
 
     A questão do hibridismo não possui definição especifica para o conceito biológico de espécie. Híbridos férteis conseguem se reproduzir e gerar descendentes férteis, porém não possuem isolamento reprodutivo, devido ao fato de apresentarem potencial de cruzamento com seus progenitores e entre indivíduos iguais a eles, mesmo apresentando a falta de isolamento reprodutivo esses animais são considerados espécies. Híbridos inférteis não possuem características obrigatórias ao conceito, por isso não podem ser considerados espécies.
 
     Contudo os híbridos vêm sendo utilizados ao decorrer dos tempos em shows de aberrações, feiras de exposições, produtos comerciais, atrativos de parques aquáticos e zoológicos. A mercantilização da vida e a comercialização da vida não devem ser exploradas. Animais híbridos são como quaisquer outros animais, devem e merecem um bem-estar adequado com condições de vida aceitável.
 
Referências Bibliográficas:
 
MAYR, E. Populações, espécies e evolução. São Paulo: Ed. Nacional, 1977.
 
SCHIFINO-WITTMANN, M. T. Poliploidia e Seu Impacto Na Origem E
Evolução Das Plantas Silvestres E Cultivadas.
 
MCCRACKEN, Kevin G.; WILSON, Robert E.; MARTIN, Anthony R.. Gene
Flow and Hybridization between Numerically Imbalanced Populations of Two Duck
Species on the Subantarctic Island of South Georgia. Lincoln: University Of Nebraska
- Lincoln, 1960. 33 p. Disponível em: <10.1371/journal.pone.0082664>. Acesso em: 02
mar. 2016
 
AMORIM, Dalton de Sousa. Fundamentos de Sistemática Filogenética (1º
edição), Editora Holos, 2002
 
POUGH, JANIS, HEISER. A Vida dos Vertebrados (4ª Edição), Editora
Atheneu São Paulo, 2008