Controle Biológico: uma alternativa para a conservação
Descrição da Palestra
Camilla Cristina Teles Marra
A palestra com o tema “Controle Biológico: uma alternativa para a conservação” foi ministrada, no dia 08/06/2016 às 12:00 horas, pela petiana Camilla C. T. Marra no anfiteatro do bloco 4K, UFU-Umuarama. A proposta da construção e da apresentação foi abordar o Controle Biológico como um caminho para a agricultura sustentável, que cause menos danos aos ecossistemas e produza alimentos com menor toxicidade.
Esse tema está intrinsecamente ligado à história natural de dois grupos muito abundantes na Terra: os insetos e as angiospermas. Os insetos são artrópodes cuja abundância e número de espécies são as maiores do reino animal. As plantas que possuem flores são a base da cadeia alimentar de ecossistemas terrestres e são cultivadas pelo homem em larga escala. Porém, esses dois grupos estabelecem interações antagônicas à agricultura em que os insetos utilizam as plantas cultivadas como recurso alimentar.
Os prejuízos agrícolas são causados, principalmente, por lagartas de borboletas e mariposas (LepidopteraO), larvas de besouros (ColeopteraO) e por percevejos (HemipteraO). O controle biológico faz parte do Manejo Integrado de Pragas (MIP) que consiste em estratégias que procuram suprimir as populações dos insetos-praga. Por ter uma eficiência imediata e um menor custo inicial, o controle químico é a estratégia mais utilizada sem que se observe as desvantagens como a toxicidade e o uso exacerbado. Os químicos agem, principalmente, no sistema nervoso e, por não serem seletivos, podem afetar tanto o homem quanto outros animais em um agroecossistema, como polinizadores. Dentre as alternativas sustentáveis encontra-se o controle comportamental que se baseia no uso de semioquímicos, que são compostos usados na comunicação intraespecífica (feromônios) e interespecífica (aleloquímicos), com fins reprodutivos e de predação, nessa ordem. Essas substâncias são utilizadas em armadilhas de coleta, confusão sexual e para moniotoramento.
O Controle Biológico se baseia em estudos sobre a interação desses organismos no meio natural e têm como agentes os entomófagos (parasitoides e predadores) e entomopatógenos que irão diminuir o número de insetos-praga. Os parasitoides, geralmente, são vespas ou moscas que ovipositam sobre ou no interior do corpo do hospedeiro, ou de seus ovos, do qual as larvas se alimentam ocasionando a sua morte. Predadores são inimigos naturais das pragas, como joaninhas, crisopídeos e tesourinhas.
Os entomopatógenos são vírus, bactérias ou fungos que causam doenças em insetos. Como modelos, abordei o controle da Anticarsia gemmatalis pelo vírus Bacullovirus anticarsia, a bactériaBacillus thuringiensis e suas toxinas para o controle de lagartas e o fungo Beauveria bassiana que controla vários insetos (como percevejos). No Brasil, temos o maior programa de controle biológico em extensão de área como o controle da broca-da-cana-de-açúcar Diatraea saccharalispelos parasitoides Cotesia flavipes e Trichogramma galois. Como exemplo da iniciativa privada foram citadas duas empresas que pesquisam e desenvolvem agentes biológicos de controle.
No âmbito da Pesquisa, o controle biológico abrange muitas áreas específicas e correlatas das Ciências Biológicas. Isso ocorre porque uma gama de conhecimento é necessária para o desenvolvimento de técnicas e produtos que viabilizem a aplicação do controle biológico em larga escala. Pode-se citar Biotecnologia, Bioquímica, Direito Ambiental e Ecologia. Dessa forma, a complexidade desse campo demanda uma multidisciplinariedade de profissionais que estejam aptos a lidar com uma diversidade biológica altamente interativa.
À vista da necessidade de práticas sustentáveis e conservacionistas, o controle biológico é uma opção que auxilia na proteção de espécies nativas, como estabelecido na Estratégia Nacional Sobre Espécies Exóticas Invasoras, e também na preservação dos insetos benéficos como os polinizadores. Pode-se notar que o controle biológico conservativo, que preconiza a manutenção dos predadores naturais em um agroecossistema, é um exemplo de manejo sustentável que beneficia, principalmente, pequenos produtores.
Diante disso, pode-se refletir acerca do que significa o custo econômico em detrimento do valor ecológico das interações, assim como a categorização dos insetos em “praga” ou “benéfico”. Ainda, pode-se dizer que vale mais contribuir que reclamar da produção de alimentos sem conhecer as difíceis etapas que precisam ser vencidas para que estes cheguem à nossa mesa.
Referências
EMPRESA BRASILEIRA DE PESQUISA AGROPECUÁRIA. Controle biológico. Brasília: Embrapa Recursos Genéticos e Biotecnologia, 2006. Disponível em: <http://www.cnpso.embrapa.br/caravana/pdfs/modulo3.pdf> Acesso em: mai. 2016.
DEL-CLARO, K. TOREZAN-SILINGARDI, H. M. (orgs.) Ecologia das Interações Plantas-Animais: uma abordagem ecológico-evolutiva. Technical Books: Rio de Janeiro, 1ª ed., 2012.
LIMA-MENDONÇA, A. et al. Semioquímicos de moscas das frutas do gênero Anastrepha. Química Nova: São Paulo, vol. 37, no. 2, p.293-301, 2014.
MONTENEGRO, G. S. Controle biológico da lagarta-da-soja (Anticarsia gemmatalis) porBaculovirus anticarsia. Revista Científica Eletrônica de Agronomia: Garça, ano VII, no. 13, jun. 2008.
PICANÇO, M. C. Manejo Integrado de Pragas. Departamento de Biologia Animal – Universidade Federal de Viçosa: Viçosa, 2010.